Eu costumo ler muitas opiniões, principalmente femininas, contrárias à pornografia e, francamente, na maior parte das vezes, é difícil não concordar. Essa é uma indústria construída em torno dos desejos masculinos e que reflete de forma gráfica a construção da nossa sociedade: falocêntrica, heteronormativa, misógina e que objetifica as pessoas (principalmente as mulheres).
Ao mesmo tempo, quando olho para todas as outras indústrias, essa mesma percepção se repete. Em geral, a indústria do entretenimento como um todo reflete todas essas mazelas e as manifestações populares em torno disso são recentes e necessárias (vide discussões em torno do papel de mulheres em novelas, no cinema, campanhas como #chegadefiufiu ou #mexeucomumamexeucomtodas).
Pois bem, tudo isso pra dizer que: eu concordo com as críticas. Concordo que é uma indústria envenenada, que muitas vezes é prejudicial às mulheres, às relações e à sociedade como um todo. O que eu não concordo é que a solução para isso seja lutar pela sua eliminação. Encaro essa como uma saída fantasiosa que dá margem para discursos de higienização, castração de desejos e da censura.
Exemplos como o tráfico de drogas e abortos clandestinos só confirmam a teoria de que a proibição da pornografia não é o melhor caminho. Ela joga responsabilidades para baixo do tapete e elimina qualquer possibilidade de discussão produtiva em torno do tema, em especial dos direitos das trabalhadoras envolvidas nesse processo.
Dito isso, vou aproveitar esse espaço aqui do Cínicas para trazer a discussão a tona. Quero compartilhar algumas experiências pessoais, percepções e opiniões e debate-las com quem estiver afim. Também preciso pontuar que, de certa forma, o Sexlog está vinculado ao que chamamos de pornografia. Não é o que fazemos e nem de longe o que produzimos, mas como eu classificaria as dezenas de vídeos amadores e nudes compartilhados em nossa rede? Também não sei. Por enquanto, de pornografia amadora, por falta de termo melhor.
Por isso, essa é uma discussão que realmente me interessa. Como pessoa física ou jurídica, ouvir opiniões contrárias só nos fazem crescer e melhorar em todos os aspectos, inclusive como produto.
Mas a gente vai conversando mais sobre isso nos próximos textos.